quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ponto turístico alternativo em nosso país


Por Guilherme Meireles

Você conhece algum estrangeiro que tem o desejo de conhecer o Brasil? Se a resposta for afirmativa, este que lhes escreve gostaria de saber quais lugares de nosso país você lembraria de levá-lo em sua tão deseada passagem por aqui? As belezas do Rio de Janeiro, Cataratas do Iguaçu, praias do Nordeste ou Amazônia sem dúvida estariam entre as primeiras maravilhas pensadas. Mas, mudando um pouco a pergunta: se este seu amigo fosse um grande apaixonado por futebol, onde ele gostaria de ir se visitasse o país mais conhecido do mundo quando falamos deste esporte? Estádios de futebol não seriam uma boa idéia, levando em conta que nossos campos são pífios para não dizer medíocres em comparação aos estádios de outros lugares do mundo, como Alemanha, Inglaterra ou (para não ficar preso apenas na Europa) Japão. Então, sem dúvida que um estrangeiro não iria gostar de visitar estádios de futebol mal localizados, abandonados, sujos e com uma grande quantidade de cambistas insistentes do lado de fora. Além disso, o que mais chama a atenção de quem admira o futebol brasileiro, não são as atuações de Obina, Souza, André Lima, Domingos, e outras figuras que atuam em nosso futebol atual, e que chegam a ser folclóricas de tão espalhafatosas e ridículas. Afinal, os jogadores de qualidade nem amadurecem no Brasil, e já são absorvidos pela onda de contratações por preços exorbitantes que provenientes da Europa e de alguns países orientais. O que mais interessa os estrangeiros que são amantes do futebol brasileiro, é a nossa história dentro deste esporte. Mesmo quem não foi contemporâneo de Garrincha, Vavá ou Zico, se emociona ao ver tantas jogadas espetaculares que foram divulgadas ao mundo por meio das Copas Mundiais. E não há dúvida que a de 1958 na Suécia foi a chave que abriu os olhos do mundo para nosso futebol, com o time praticamente perfeito comandado por Vicente Feola. Mas, a Copa do México em 1970 (ainda taça Jules Rimet) que sagrou nosso terceiro mundial, tem o time mais competitivo e que mais enche os olhos dos expectadores. Claro, o que acontecia aqui no Brasil, sob o regime militar comandado pelo governo cruel de Emílio Garrastazu Médici não é digna de admiração por parte de qualquer estrangeiro. Mas, o time de futebol que disputava o mundial do México com jogadores como Rivellino, Gérson e claro, Pelé, encheu os olhos do mundo, e fez os brasileiros esquecerem um pouco o atordoado momento político que o país atravessava (sem esquecer que essa política do "pão com circo" era tudo que o presidente Médici queria). Até mesmo os italianos, que foram derrotados na final pelo time de 1970 comandado por Zagallo, gostariam de visitar um lugar imprescindível para amantes do futebol brasileiro: o Museu do Futebol, localizado nas dependências do Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. Não apenas por ser um templo da história do esporte no Brasil (e diga-se de passagem muito bem elaborado) com alas que destacam o rádio esportivo, os times brasileiros, o contexto histórico de cada episódio que nosso futebol atravessou só para citar alguns. Mas, qualquer visitante que chega ao Brasil deve ir ao Museu do Futebol pelo mesmo motivo que tantos visitam o Louvre em Paris para ver a "Monalisa": ou seja, ficar frente a frente com a grande "estrela" que cada museu tem. E no caso do Museu do Futebol, sem dúvida a grande atração é a camisa usada pelo rei Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, no primeiro tempo da grande final do mundial do México no dia 21 de junho de 1970, em partida realizada no Estádio Asteca e que terminou com a vitória de 4 a 1 para o Brasil. Aliás o Rei do Futebol marcou o primeiro gol naquele jogo sem contar sua atuação que dispensa comentários de tão espetacular. Pelé foi o grande nome da competição, mesmo não sendo o artilheiro pois este título ficou com Gerd Muller da Alemanha que viria a se tornar o maior goleador da história das copas. Porém, aos 29 anos, Pelé estava na fase mais madura de sua carreira e foi de fato a locomotiva que puxou o trem brasileiro rumo ao tri-campeonato com toda sua experiência em disputar a quarta Copa do Mundo. E qualquer amante do futebol reconhece que o time de 1970 foi de amendrotar qualquer adversário que cruzasse seu caminho, como ficou provado com as vitórias sob as temidas Inglaterra (que havia ganhado o mundial anterior) e Itália. E voltando a pergunta que este que lhes escreve lançou anteriormente sobre aonde levar um amigo estrangeiro, porquê não "apresentar" a camisa 10 que vestiu Pelé na cidade do México naquele dia histórico? Claro, o Rio de Janeiro continua lindo, as Cataratas do Iguaçu, a Amazônia e as praias do Nordeste são maravilhas da natureza que jamais podem ser excluídas de uma visita, mas, cada dia que passa e nosso futebol vai ficando mais carente de ídolos de âmbito nacional (então excluí-se figuras representativas para times nacionais como Rogério Ceni ou Adriano), fica cada vez mais importante a preservação e divulgação da história de nosso futebol.

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